segunda-feira, 10 de março de 2014

A POLÍCIA NÃO É A SOLUÇÃO PARA TUDO!

Artigo de autoria do comandante do 36º Batalhão de Polícia Militar do Interior, Tenente Coronel PM Humberto Gouvêa Figueiredo(*), publicado no Jornal Gazeta de Limeira, edição de 10/03.


Encerramos há duas semanas, mais precisamente no dia 27/03, a terceira rodada de audiências públicas com a comunidade, realizando o último evento na cidade de Limeira, mais precisamente nas dependências do Isca Faculdades.

O programa "Audiências Públicas com a Comunidade" é desenvolvido pela Polícia Militar, através do 36º BPM/I, e tem o objetivo de prestar contas à comunidade do trabalho realizado pela Instituição, apresentar de forma transparente os índices criminais e os indicadores de produtividade, expor o plano de trabalho para minorar a violência na cidade e, finalmente, ofertar a palavra aos presentes para apresentação de sugestões, denúncias, críticas, elogios ou qualquer outro tipo de manifestação. 

As audiências são realizadas trimestralmente, estando a quarta rodada agendada para o mês de maio, em dia, horário e local que serão previamente divulgados à comunidade pelos canais de comunicação da cidade.
Embora a gestão do evento seja do comandante da companhia da área, tenho feito questão de sempre estar presente nas Audiências Públicas para conhecer exatamente o que se passa em cada região e, principalmente, para ter o retorno a respeito das expectativas da comunidade em relação à polícia que existe para servi-la e que, ocasionalmente hoje, na região de Limeira, está sob meu comando.

Todo este longo preâmbulo eu escrevi para justificar a minha preocupação em relação ao nível de demandas que a sociedade coloca para a Polícia Militar: boa parte delas não tem nenhuma relação direta com as missões constitucionais da Instituição e são postas por três razões - a primeira pelo nível de credibilidade que as pessoas depositam na PM, especialmente nos momentos de angústia e aflição; a segunda, e ao meu ver, muito grave, pelo déficit de serviço ou de atendimento dos anseios por outras áreas que prestam serviços de natureza pública e a terceira, extremamente preocupante, pela precariedade das relações interpessoais, com as pessoas não se respeitando e não conseguindo conviver harmoniosamente em sociedade.

O que é importante dizer, e talvez as pessoas não se atentem para isso, é que toda a vez que a Polícia Militar é chamada a fazer algo que não é da sua competência, não lhe sobra tempo para fazer o que é o seu papel, ou seja, prevenir a prática de crimes. 

A Polícia Militar é chamada muitas e muitas vezes para intervir e diminuir o som alto da casa do vizinho, do bar ou república de estudantes, para separar brigas entre irmãos, para fazer socorro a unidade hospitalar em viatura policial e, acreditem, até para resgatar animais em telhados.

Sempre digo em minhas palestras que, quanto mais organizada a cidade e a sua comunidade, menos se requer a Polícia, liberando-a para que ela cumpra as suas quatro missões: proteger as pessoas, aplicar a lei, combater o crime e manter/restabelecer a ordem pública.

Nós, policiais militares, queremos proteger as pessoas às quais servimos e para isso contamos que todos façam cada um a sua parte: poder público e sociedade! Assim seja!
 
 (*)Tenente-coronel da PM e comandante do 36º BPM/I


Link do artigo no jornal: http://gazetainfo.hospedagemdesites.ws/site/index.php?r=noticias&id=24448

Nenhum comentário:

Postar um comentário