segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

JOAQUIM VAI VIRAR ESTATÍSTICA

Segue abaixo artigo de autoria do Tenente Coronel PM Humberto Gouvêa Figueiredo, Comandante do 36º Batalhão de Polícia Militar do Interior, publicado no Jornal "Gazeta de Limeira", em sua edição de 02/12/2013.

(*) Humberto Gouvêa Figueiredo
 
Estamos todos ainda comovidos com a morte do menino Joaquim, ocorrida na cidade de São Joaquim da Barra, na região de Ribeirão Preto.

No momento em que escrevo este artigo ainda não há comprovação da autoria do crime, mas os indícios apontam como autor o seu padrasto, um usuário de cocaína, com quem a sua mãe vive já há algum tempo.

Joaquim não foi o primeiro. Joaquim, de longe, não será o último!

Quantas e quantas crianças não vimos ser agredidas, ameaçadas ou mortas nos últimos tempos, aqui, no nosso Estado, no Brasil ou no mundo?

Depois de cada evento, a imprensa maciçamente divulga o fato sensacionalisticamente, os juristas se digladiam para defender e acusar, os políticos falam em agravamento das leis, os “especialistas” em segurança apresentam suas teses e, na prática, nada muda!  Incomoda-me, no papel de cidadão, essa nossa inércia e acomodação com a violência e a criminalidade! 

No Brasil, infelizmente, o que vale é apenas o presente, o agora, que sempre dura pouco tempo e que nada de positivo repercute no futuro. 

Nós não aproveitamos a crise ou os momentos difíceis para evoluir, para melhorar as relações humanas, para ir ao encontro de uma sociedade melhor. Assistimos à violência sempre como espectadores, com a “pseudocerteza” de que ela nunca nos atingirá!

Joaquim poderia ser o meu filho, poderia ser o meu vizinho, poderia ser um amigo de meu filho. Poderia ser o seu. Mas como não é, o problema fica aparentemente menos importante.

Sonho com o dia em que este país evolua e estou certo de que o caminho para isso é a educação: as pessoas, em regra, não sabem analisar os cenários que se apresentam e, dessa forma, são sempre conduzidas por aqueles com capacidade e condições de formar opinião.

Enquanto isso não acontecer, esperemos pelo próximo “Joãozinho”, “Pedrinho” ou “Carlinho”, que daqui a pouco perderá a vida e nos trará, por pouco tempo, alguma indignação, mas vai passar, e bem mais rápido do que deveria.
 
*É tenente-coronel da Polícia Militar e comandante do 36º BPM/I



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