segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

A EDUCAÇÃO DERRUBA OS MUROS


O artigo abaixo é de autoria do Tenente Coronel PM Humberto Gouvêa Figueiredo, comandante do 36º BPM/I, e foi publicado na edição de hoje, 9/12, do Jornal "Gazeta de Limeira"



Estive nos últimos dias, durante o gozo de minhas férias anuais, viajando pelas Serras Gaúchas, mais precisamente pelas cidades de Nova Petrópolis, Gramado, Canela, Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Carlos Barbosa.

Esta não foi a primeira vez em que viajei para o Rio Grande do Sul, mas a minha ida anterior àquele Estado já tinha ocorrido havia mais de duas décadas, de modo que tinha pouca recordação do que vira à época.

O passeio ao sul do Brasil me fez muito bem e me deu inspiração para escrever pelo menos uns três artigos sobre coisas que vi nos Pampas e que nos serviria muito aqui em São Paulo, para melhorar o nosso grau de convivência social.

Andei bastante a pé pelas ruas das cidades, por onde passei, e um fato que me chamou muito a atenção foi o de que boa parte das residências, tanto nos bairros mais ricos quanto nos pobres, era desprovida de muros.

Aquilo me chamou muito a atenção, especialmente pelo fato de estarmos no Brasil: já tinha visto este cenário quando visitei o Japão e a Inglaterra, mas no nosso País ainda não tinha presenciado este fenômeno nas cidades por onde passei.

O fato me gerou inquietação e tomei a iniciativa de conversar com dois moradores, perguntando a ambos o porquê de as casas, em sua boa parte, não terem muros. O primeiro me respondeu com outra pergunta: “pra que muro?”; o segundo entrevistado me disse: “não tenho muro em casa porque não tenho criação para prender”.

Prosseguindo na minha caminhada, outro fato me chamou demais a atenção: o grande número de escolas.

Praticamente em cada quatro ou cinco quadras era possível ver uma escola de ensino básico ou fundamental, a maioria delas da rede pública: escolas sempre limpas, organizadas, sem pichações ou sinais de depredação, e também sem muros ou com muros muito baixos.

Não me contentei e fui visitar, na cidade de Nova Petrópolis, o quartel da Brigada Militar, que equivale a uma Companhia da Polícia Militar no nosso Estado: fui informado que naquela cidade, de cerca de 30 mil habitantes, que chega a quase 80 mil nas temporadas, o último roubo tinha acontecido havia 6 meses e não se registrava crime contra a pessoa (homicídio e latrocínio) havia mais de três anos.

A conclusão a que cheguei não poderia ser mais simples: é a educação do povo gaúcho que derruba ou diminui de tamanho dos muros e que impede a criminalidade!

Enquanto ficamos aqui aumentando o tamanho dos nossos muros, colocando cerca eletrificada e correndo atrás de bandidos, e sempre com a sensação de que o crime está próximo e podemos ser a próxima vítima, eles lá investem na educação no seu sentido mais amplo e vivem numa sociedade de paz e tranquilidade.

Em outro artigo quero escrever um pouco sobre o trânsito nas Serras Gaúchas e tentar mostrar o quanto nós, paulistas, estamos longe da civilidade.

Humberto Gouvêa Figueiredo é tenente-coronel da Polícia Militar e comandante do 36º BPM/I.



Seção de Comunicação Social do 36º BPM/I

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