Intervenção Policial, solução para os problemas da sociedade?
Quase
que diariamente acompanhamos discussões, às vezes até acaloradas, sobre a
segurança pública em nossa região. Tema de extrema importância, assim como
Saúde e Educação, a sensação de segurança traz tranquilidade e contribui de
maneira impar para o bem estar de toda comunidade.
E
como a polícia pode contribuir para que a sociedade organizada tenha condição
de focar suas energias em atividades que promovam o crescimento social,
econômico e cultural. Cumprindo o papel constitucional a ela atribuída.
Para
uma reflexão, permitam-me fazer um paralelo entre o médico e o policial. O
médico, durante toda a sua carreira trabalha incessantemente para restabelecer
a saúde das pessoas, quer seja através de orientações simples em consultas,
prescrição de medicamentos chegando à realização de cirurgias de extrema
complexidade; utiliza de todos os meios para que a saúde de seu paciente volte
aos níveis desejados de boa saúde. E quando ocorrem epidemias, o que é feito?
Contratam-se mais e mais médicos ou se procura a origem da doença para
combatê-la e evitar que outras pessoas sejam acometidas do mesmo mal?
E
quando uma sociedade está doente, com problemas na saúde, educação, princípios
familiares, falta de credo religioso, desemprego, procura-se a cura ou
contrata-se mais “médicos”.
Semana
passada li, num diário local, a cobrança por parte de um leitor sobre a
ausência das policiais em fiscalizar crianças e adolescentes que se utilizam de
“cerol” quando empinam pipas nas ruas. Todas as noites em nossa cidade,
diversas ligações são realizadas para o telefone 190 da Polícia Militar dando
conta de briga entre marido e mulher. Os policiais militares são interpelados
quase que diariamente pela população, cobrando providências sobre veículos
estacionados em locais proibidos. E a perturbação do sossego, campeão de
solicitações nos finais de semana. Pedintes nos semáforos da cidade também faz
parte da lista de solicitações. Jovens adolescentes, muitos deles com 12 anos
de vida ou menos, se entregam ao vício da bebida e das drogas sem nenhum
controle por parte dos pais ou responsabilização dos seus atos.
Quando
a Polícia Militar é acionada uma equipe é deslocada para trazer solução para
aquele problema, naquele momento acontece a intervenção policial. Claro que
cada caso é um caso, mas o que se esperar das forças de segurança quando
encontram jovens de 12 anos, drogados, embriagados e muitas vezes praticando
atos obscenos. O que se esperar das forças de segurança quando encontram
esposas sendo agredidas pelos maridos. O que se esperar das forças de segurança
quando se deslocam e encontram jovens sem perspectiva nenhuma, sendo
arrebatados pelo tráfico de drogas.
Golpes
de seguro por cidadãos “de bem”, corrupção em todos os níveis sociais, uso de
drogas em instituições de ensino, violência doméstica, descumprimento das
regras de trânsito, falta de respeito com as pessoas em especial com os de
idade mais avançada, tudo isso pode ser considerado apenas um “resfriado” ou
pode ser o princípio de uma “pneumonia”.
Qual
a sua opção? Contratar um número infinito de policiais ou começarmos a tratar
as doenças que destroem a sociedade.
(Matéria publicada no jornal Gazeta de Limeira edição de 26 de janeiro de 2015, página 6.)
Marcos Eduardo Rodrigues. Capitão da
Polícia Militar do Estado de São Paulo; (bacharel em Ciências Policiais de
Segurança e Ordem Pública pela Academia de Polícia Militar do Barro Branco –
APMBB; mestre em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública pelo Centro de
Altos Estudos de Segurança da Polícia Militar do Estado de São Paulo – CAES. Comandante
da 5ª Cia/PM do 36º BPM/I.)
Seção de Comunicação Social do 36ºBPM/I